Então é Natal...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

É isso aí, o título do post já diz tudo: é Natal!
Ultimamente minha criatividade anda em recesso, não consigo pensar em algo bacana para postar aqui, desde o fatídico dia em que descobri que o Papai Noel era uma lenda, meus Natais ficaram meio que sem graça, sabe? Perdeu um pouco da magia... talvez por isso ainda não saiba se vou deixar a Isabella acreditar nessas coisas, será que essa desilusão é necessária mesmo na vida de uma criança?!
Bom, voltando à falta de criatividade e/ou vontade de escrever alguma coisa aqui, recebi essa imagem fofa de Natal por e-mail, da Virginia, e me bateu uma vontadezinha de colocar aqui, alguma coisinha bonitinha pra essa data não passar em branco... agora que virei Mamãe Noel me sinto mais empolgada com o Natal e engajada com seus preparativos.
Me empolgo com a empolgação da Isabella com o gorrinho de Papai Noel que ganhou da vovó, que coisa mais fofa é ver ela se admirando no espelho com aquela coisa esdrúxula na cabeça, afinal, é o primeiro Natal em que ela vai interagir, já anda, já corre, já arranca os enfeites da árvore de Natal, já fala algumas(poucas) coisas... tudo bem que ela chama o Papai Noel de "au-au", mas valeu a intenção, este é o Natal da interação da Isabella!

FELIZ NATAL PESSOAL!

Beijos da Mamãe Noel! ;***

Literatura maternal.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


Meu último livro sobre maternidade foi o "As 500 Melhores Coisas de Ser Mãe". Discordo do título, pois existem milhares de coisas deliciosas em ser mãe, incontáveis! Porém, me identifiquei com algumas dessas melhores coisas, que vou citar aqui:
- Curtir a barriga crescendo devagarzinho. E ficar horas e horas se olhando no espelho, estufando o abdome. (As grávidas são o único tipo de mulher que torce para não conseguir entrar mais nas próprias roupas).
- Entrar com orgulho na fila preferencial de supermercados e bancos, mesmo que algumas pessoas ao redor olhem torto pra você(porque, infelizmente, tem muita gente que se incomoda com os direitos alheios).
- Fazer uma ultra-sonografia e ouvir outro coração batendo dentro de você.Perceber que o seu, a partir de agora, vai estar para sempre à mercê daquela criaturinha.
- Fazer ultra-sonografia algum tempo depois e descobrir o sexo do bebê. (Melhor ainda se ele for o que no fundo você estava torcendo que fosse)
- Sentir o bebê se mexer na sua barriga pela primeira vez.
- Ser mimada por todos à sua volta.
- Aproveitar o pretexto para experimentar toda sorte de iguarias esdrúxulas, sem ninguém estranhar.
- Ser encorajada a comer por dois, literalmente. E não se fazer de rogada.
- Olhar aquela barriga enorme no espelho e pensar que, agora, sim, o mundo realmente gira ao redor do seu umbigo.
- Namorar sem a menor preocupação com métodos anti-concepcionais. Parece bobagem, mas isso faz uma puta diferença na sua libido.
- Escolher roupinhas, sapatinhos e todos os outros "inhos" que compõem o enxoval.
- Decorar o quarto do bebê. O que pode parecer uma atividade fútil, mas é meio como montar um ninho, sabe? Faz a gente entrar no clima.
- Dar nome a alguém. (Juízo, hein?)
- Reconhecer o valor de ter nascido após a invenção da anestesia.
- Dar a vida a alguém. E saber que essa vida agora é dele.
- Virar uma otimista: quem tem filhos precisa acreditar que a humanidade tem solução.
- Chegar em casa com o bebê no colo e achar tudo alí completamente diferente, mesmo que só tenha passado 1 dia no hospital.
- Descobrir várias palavrinhas novas, como mecônio, cueiro, impetigo, etc, etc, etc...
- Descobrir quanto você ainda tem a aprender. E deixar de ter tantas certezas.
- Enche a casa de todo tipo de produtos fofos para bebês. Aliás, depois que o seu filho nasce você passa a morar na Fofolândia.
- Ver que a vida no pós-parto nem é tão fofa, mas mesmo assim é linda e emocionante.
- Aprender a lidar com cocôs, regurgitamentos, babas. Enfim, rever seu conceito de nojo.
- Dar uma de Pollyana e achar pontos positivos em tudo. Porque agora não dá pra desistir mesmo.
- Saber que você não desistiria, mesmo se pudesse.
- Descobrir que na licença-maternidade você trabalha bem mais que no seu emprego. Mas que pelo menos você não pode ser demitida.
- Passar o dia de pijama, no maior desleixo e sem sentir a menor culpa.
- Sair de casa pela primeira vez depois que seu filho nasceu. E perceber que, por incrível que pareça, do lado de fora as coisas não mudaram nada!
- Contar para as pessoas sobre o seu parto. (Mas cuidado, nem todo mundo vai querer ouvir)
- Achar que a licença-maternidade deveria se estender por 1 ano, no mínimo. (Ou conquistar cidadania sueca antes de ter um filho)
- Aproveitar a licença-maternidade para ficar grudada no seu bebê. E descobrir que o cordão umbilical demora um tempo para ser cortado de fato. (Uns 25 anos mais ou menos)
- Ver que seu peito virou um laticínio. E ver que seu corpo se transformou em restaurante, microondas, berço, aquecedor, geladeira, farmácia, chupeta e dispensa.
- Aquele olho no olho na hora da mamada. Nada mais lindo do que o olhar do seu filho para você, enquanto mama.
- Sentir-se completa. Plena, absoluta. E, às vezes, absolutamente de saco cheio.
- Aproveitar melhor seu tempo livre, já que você tem sempre o que fazer. Quanto mais você faz, mais você faz. Entendeu?
- Ficar louca pra voltar a trabalhar, pra ver se descansa um pouco.
- Fotografar o bebê de todos os ângulos possíveis.
- Encher a casa de porta-retratos.
- Transformar sua mãe em avó. E poder contar com a ajuda e a experiência dela.
- Comprovar que tamanho não é documento. (Porque, se fosse, uma criatura de 50cm não conseguiria virar sua vida assim de cabeça pra baixo)
- Emocionar-se com canções de ninar.
- Ficar um bom tempo sem pensar em sexo.
- Ficar feliz e emocionada quando seu marido, segurando a sua filhinha no colo, disser que finalmente conheceu uma garota mais bonita que você.
- Não ser mais a número 1.
- Ter seus desejos relegados a segundo plano.
- Amar com uma intensidade que você jamais achou ser capaz.
- Ter sempre no que pensar: nas próximas férias, na escolha da babá, na escolinha, no narizinho escorrendo, no futuro, no mundo...
- Criar coragem para tomar decisões que vão interferir - e muito - na vida de outra pessoa.
- Mudar suas prioridades e repensar seus valores.
- Criar raízes, criar família, criar juízo.
- Passar madrugadas acordada, sem nem mesmo sair de casa.
- Querer dormir mais cedo. (Você nunca imaginou um dia querer isso)
- A primeira noite que o seu bebê dorme 8 horas direto, sem escalas. (Uma bênção que, felizmente, você não vai estar acordada pra ver)
- Um belo dia perceber que finalmente você voltou a pensar em sexo.
- Sentir o cheiro da cabecinha do seu filho adormecido.
- Ver aquele sorrisão banguela logo pela manhã, se iluminando todo só porque viu você.
- Ver o primeiro dentinho nascer.
- Ganhar os beijos mais melados do mundo.
- Soltar as mãos do seu filho e vê-lo dar os primeiros passos sozinho.
- Ajudar outras mães, usando a sua experiência.
- Receber a ajuda de outras mães.
- Constatar, surpresa, que já se passou 1 ano! E, paradoxalmente, achar que esse ano pareceu uma eternidade.
- Planejar a primeira festinha de aniversário e se divertir criando os convites, a decoração...
- Conhecer pessoas. Ter um filho te obriga a ser mais sociável!
- Contar aos amigos as gracinhas do seu filho.
- Rever Mogly, o Menino Lobo, e outros filmes da Disney que marcaram a sua infância.
- Administrar a sua vida e aquela vidinha alheia.
- Ver que, depois de ser mãe, você consegue fazer quase qualquer coisa.
- Ficar mais forte. Em todos os sentidos da palavra.
- Ficar mais corajosa!
- Descobrir até onde vai a sua paciência.
- Descobrir até onde vai a sua vaidade.
- Descobrir até que dia do mês vai o seu salário.
- Ter uma razão para economizar. Ter também uma ótima razão para gastar.
- Encher a boca para falar dos filhos.
- Não dar bola pra estrias.
- Dar (mais) um sentido para sua vida.
- Sucumbir a um chorinho às vezes, mesmo sabendo que se trata de pura chantagem emocional.
- Aprender a pôr limites.
- Descobrir seus próprios limites.
- Superar alguns limites.
- Ser confrontada com seus próprios defeitos.
- Pensar no futuro. E querer que ele seja longo.
- Ter quem te apóie na velhice e te leve pra tomar sol na pracinha quando você já estiver gagá.
- Aprender com alguém (bem) menor que você.
- Sentir-se a pessoa mais importante do mundo para alguém.
- Ter alguém que depende de você até pra limpar a própria bunda.
- Descobrir, a cada momento, o que é, afinal, ser mãe.
- Perceber que não é assim um bicho-de-sete-cabeças.
- Entender que toda mãe é meio bicho.
- Descobrir seus instintos.
- Ver que ficar sem filho não é tão bom assim. E que você escolheu um estilo de vida bem legal.
- Ouvir as pessoas dizendo: "É a cara do pai!" (supondo que você teve bom gosto na escolha do pai...).
E por aí vai... a lista é extensa, sortida. Também pudera, ser mãe é a experiência mais rica e intensa na vida de uma mulher. Poderia colocar aí alguns outros itens como minha colaboração:
- Dar apelidos fofos.
- Achar o máximo preencher o álbum do bebê.
E por aí vai... aliás, poderia ser um livro online onde todas as mães poderiam colocar as delícias que descobriram com a maternidade.
Uma coisa que descobri com esse tipo de literatura é que, é indicadíssimo para mulheres que pensam em ser mãe, não deixa de ser algo preparatório para um mundo de mudanças que, por mais que a sua mãe e todas as mães do mundo te digam que "muda tudo", você jamais terá noção da magnitude disso tudo antes de ser mãe! Pena que só fiquei sedenta por esse tipo de leitura depois que engravidei!

Ser mãe é.... hummm.... é....

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Ontem estava eu, meia noite, morta de cansaço porém, vendo TV. Não perco por nada o Mothern(vide link ao lado), um seriado que mostra a mais pura realidade das mamães dos dias atuais. Sempre senti uma certa dificuldade em expor o que é realmente ser mãe, o que muda quando seu filho vem ao mundo. Sempre me senti em dívida aqui com quem lê, porque parece que mil palavras são insuficientes.
Eu tento, tento, mas sempre sinto a sensação que não consegui explicar. No episódio de ontem, uma das motherns ia ganhar neném, e nunca vi algo tão real... fugia àquela coisa fake das novelas, parecia que eu estava me vendo alí, teve até a cena da enfermeira com o giletão na mão, rs.
Tudo muito real mesmo, mostrando a frustração dela ao perceber que não tinha se preparado tão bem quanto imaginava para o dia do parto, mostrando a irritação ao ver todo mundo tirando fotos naquele momento onde você está se sentindo visualmente péssima, mostrando ela assustada ao se olhar no espelho pela primeira vez depois do parto e percebendo que mesmo depois do bebê nascer, a barriga continua como se tivesse com uns 4 ou 5 meses de gestação. E por fim, um turbilhão de dúvidas e a imperícia de mãe de primeira viagem para cuidar do bebê assim que chega em casa.
Num certo momento, interrompeu o seriado pra mostrar o depoimento de uma mãe, falando sobre como se sentiu ao ser mãe... é algo mais ou menos assim: "Ser mãe é sentir que você deixa de ser o centro de seu mundo e esse centro passa a ser outra pessoa, que você nem conhece, que você nem sabe se vai ser legal e que depende totalmente de você. É uma sensação de perda de controle, pois você não é mais o centro do seu mundo, não sabe como vai ser daqui pra frente, tem que encarar o desconhecido. Você deixa de ter seu mundo de escolhas e passa a viver de acordo com o novo centro do seu mundo. Essa sensação de perda de controle e de encarar o desconhecido é o que dá medo". Gostei bastante dessa explicação, achei simples e consistente, mostra definitivamente o porquê de você mudar tanto por dentro quanto por fora. Aliás, falando em mudar por dentro e por fora, uma coisa que sempre ouço e me pergunto se é um elogio ou uma crítica: "Nossa, você está com uma cara de mãe!". À beira dos meus 24 anos, não sei se isso é uma forma sutil de dizer que estou com cara de velha ou um simples elogio à beleza da maternidade.

O tempo passa, o tempo voa...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

...e a Isabella vai me surpreendendo dia após dia, a frequência com que ela vai aprendendo as coisas é tão grande que às vezes me pego assustada por não saber, por exemplo, que ela já aprendeu alguma palavra nova. O ritmo dela é frenético e me sinto uma idosa ao lado dela, pergunto a Deus se tenho pique para acompanhar aquela pequena criatura de 1 aninho que parece ligada no 220V.
A Isabella já tem personalidade forte, já faz cara feia quando não gosta de algo ou não gosta de alguém, já sabe impor suas vontades - na maioria das vezes, de uma forma um tanto quanto agressiva, rs. Aprendeu a andar um dia desses e está se sentindo uma mini-mulher super independente, vai aonde quer! Da última vez que fomos ao shopping ela parou encantanda na vitrine de uma loja de brinquedos, na certa, um jeito sutil de dizer pra mamãe que queria aquela poltrona do Backyardigans que custava o olho da cara. Como ainda posso me dar ao luxo, fingi que não vi nada e continuamos o passeio, aliás, esse luxo vai acabar quando ela aprender definitivamente a falar.
Ah... essa idade é um barato, mas ao mesmo tempo, preocupante. É complicado pois, a linha entre o engraçadinho e o feio é muito tênue, difícil saber a hora de rir e a hora de brigar. Não gosto de podá-la, porém, quando me pego me imaginando no lugar daquelas mães que ficam malucas com suas filhas dando chilique se jogando no chão do supermercado, gritando desesperadamente porque querem um pacote de salgadinho ou um brinquedo, me dá até arrepio! Sempre tive horror a crianças assim, achava o cúmulo da falta de educação, e de pensar que posso queimar a língua de novo, ai ai...
Educar é a mais difícil arte, sim, em 1 ano de maternidade isso já ficou bem claro, morro de rir com as travessuras da Isabella, depois, morrendo de culpa, me pergunto se deveria. Tenho que aceitar o que a pediatra dela me falou na última consulta: "chegou a idade da birra" e ter disposição para correr atrás da Isabella feito uma boba, com a colher de sopinha na mão enquanto ela foge de mim dando risada.
Cada idade trás consigo suas próprias dificuldades e preocupações... e de pensar que quando ela era recém nascida eu torcia pro tempo passar rápido pra ela aprender a andar para dar menos trabalho... doce ilusão, filho é pra vida toda, aliás, é trabalho pra vida toda!

Parabéns para nós!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Estou na véspera de completar um ano, um ano que recebi essa incumbência divina: ser mãe. Um ano de aprendizado contínuo com a Isabella, de sabores e dissabores, de descobertas e mudanças de opiniões e valores.
A cada post, escrevo coisas diferentes sobre o "ser mãe", e não me canso, porque ser mãe é algo fora do explicável, aquele tipo de coisa que só sendo pra saber. A um ano atrás, estava destruída psicologicamente de tanta ansiedade, rotunda, com dor nas costas... uma agonia que parecia não ter fim, já me imaginava grávida no Natal, pois parecia que minha gravidez seria eterna.
No dia do parto, em meio ao susto e da frustração, nada abalou(nem a morfina que tinham enfiado na minha espinha) a felicidade de me deparar, pela primeira vez, com a carinha da minha filha, a felicidade de ver alguém que eu tinha gerado, que tinha vindo de dentro de mim. Hoje tenho outra personalidade, aquela inata em todas as mulheres, a personalidade mãe.
Tenho fixação por partos, leio, releio, viro do avesso esse assunto e, se pudesse mudar minha opção profissional, me tornaria obstetra, é a profissão mais linda, porém, hoje, no Brasil, com quase 90% de cesáreas, se tornou a mais traiçoeira. Aprendi muita coisa, umas a Isabella me ensinou, outras, minha minha, e tantas outras, meu instinto materno. Aprendi desde trocar fraldas, até fazer papinha. Aprendi que parto é normal, cesárea é intervenção cirúrgica. Aprendi por a + b que ser mãe é a melhor coisa do mundo! Hoje tenho fixação pelo mundo infantil, sou sedenta por informações, a cada banca que passo, meus olhos buscam capas de revistas que tenham um bebê estampado.
Ver um filho crescer, não tem preço! Essa frase clichê cai como uma luva nesse meu um ano de maternidade, olho nostálgica as roupinhas de recém-nascida da Isabella e cada uma delas me conta uma história diferente, de quando ela ainda a usava. Ter amamentado, é outra coisa que não tem preço, a sensação de sentir sair de dentro de você o alimento perfeito para sua cria, é algo inexplicável. Ah, quem me dera se eu amamentasse até hoje... Um ano passou rápido demais, porém, parece que demorou demais, porque vivi tantas coisas, me lembro de cada detalhe... da primeira vacina, do primeiro sorriso, da primeira birra, da primeira papinha, do primeiro passeio, da primeira febre, da primeira queda, da primeira gargalhada, da primeira sílaba pronunciada, do primeiro passinho, do primeiro dentinho... são tantas recordações que me perco na linha do tempo e fico perdida nesse tumulto de doces lembranças.
Ainda me lembro de um fato que ocorreu no dia seguinte ao nascimento da Isabella, quando olhei para minha mãe, que já tinha passado por três cesarianas, e disparei: "Mãe, você é louca, três cesáreas??? Nunca mais quero ter filhos". Mas hoje entendo quem quer ter mais filhos, a vontade de passar por tudo isso de novo é enorme, e o amor é tanto, que às vezes é preciso dividir(parece brincadeira, mas é verdade). Se Deus nos permitisse rebobinar a fita da vida, voltaria naquele 23 de outubro de 2006 incansávelmente, para reviver cada segundo, que nem a dor da cesárea é capaz de diminuir sua grandiosidade.
Que Deus me conceda muitos anos ao lado da Isabella, de descobertas, aprendizado, gargalhadas e pura felicidade.
Parabéns pra Isabella, parabéns pra mim, parabéns para o milagre da vida!

Meu primeiro dia das crianças.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007



















Isabella na pizzaria, sentada na mesa que nem gente grande! :)

O dia das crianças está chegando, e nunca me senti tão criança em toda minha vida!
Nunca olhei tão atentamente as prateleiras de brinquedos das lojas, nunca estive tão por dentro das marcas e modelos de brinquedos. Nunca vi tanto desenho na TV e tão pouco me imaginei algum dia na vida assistindo a Turma do Cocoricó e cantarolando as musiquinhas.
Ah, ser mãe é voltar um pouco a ser criança, aliás, um muito! Nunca fui tão boba, nunca me joguei no sofá para ficar brincando com um bebê e morrendo de rir com as mordidas que levava no rosto, aqueles dentinhos tão pequeninos e afiados pareciam fazer cócegas em mim!
Nunca ri tanto com as risadas de um bebê e nunca me diverti tanto com suas travessuras.
Eu que nunca fui fã desse mundo infantil, começei a embarcar no mundo do faz de conta, começei a ADORAR entrar e ficar horas em lojas de bebês, começei a achar o máximo brincar de "cadê o nenê? ACHOU!!", começei a perceber que eu não sabia nada sobre ser mãe, e ainda não sei, pois a Isabella me mostra a cada dia algo diferente, me mostra um mundo cada vez mais colorido, cada vez mais divertido, cada vez mais surpreendente e delicioso... e definitivamente, descobri que o momento mais feliz da minha vida, foi quando descobri que teria vários momentos assim com a Isabella.

Meu nenê

quarta-feira, 12 de setembro de 2007



















Não poderia deixar de postar a foto da minha princesa que saiu na seção "Click-Click" da revista Meu Nenê.
Nem precisa falar que é a mais linda né???? rs.

Beijos ^^

Parece que foi ontem...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Parece que foi ontem que li aquele POSITIVO que me deixou sem chão
Parece que foi ontem que senti aquela angústia enorme ao contar que você já existia dentro de mim
Parece que foi ontem o primeiro ultrassom, que mostrava você com 1,5 cm
Parece que foi ontem a ansiedade de ver minha barriga crescer
Parece que foi ontem a sensação inexplicável de sentir você mexer pela primeira vez
Parece que foi ontem a alegria que não cabia em mim quando descobri que era menina
Parece que foi ontem meu desespero em ver a balança subir sem parar e minhas roupas perdidas
Parece que foi ontem que comprei seu enxovalzinho
Parece que foi ontem que senti aquela curiosidade enorme de ver seu rostinho
Parece que foi ontem aquela ansiedade enorme para a sua chegada
Parece que foi ontem que não tinha nem posição para dormir de tão grande que a barriga estava
Parece que foi ontem que fui chorando para o hospital fazer a cesárea
Parece que foi ontem que vi a médica pegar você de cabeça pra baixo ao sair do meu ventre
Parece que foi ontem as lágrimas escorrendo no meu rosto ao te olhar pela primeira vez
Parece que foi ontem aquela dificuldade enorme de te amamentar
Parece que foi ontem que aquele teste do pezinho doeu mais no meu coração do que no seu pezinho
Parece que foi ontem que eu passava as noites em claro com o seu choro
Parece que foi ontem que eu te tinha recém-nascida nos meus braços
Parece que foi ontem a primeira consulta na pediatra
Parece que foi ontem que senti meu coração se partir em mil pedaços ao te levar para tomar a primeira vacina
Parece que foi ontem que eu senti uma tristeza imensa em voltar a trabalhar e te deixar
Parece que foi ontem que eu achava que ia demorar 1000 anos para aparecer esses dentinhos
Parece que foi ontem que dei seu primeiro banho, com um medo enorme de te machucar
Parece que foi ontem que passeamos pela primeira vez
Parece que foi ontem que fiz a primeira papinha, e hoje você está quase comendo comida de gente grande
Parece que foi ontem que você balbuciou pela primeira vez
Parece que foi ontem que você caiu da cama pela primeira vez
Parece que foi ontem que eu achava que ia demorar uma eternidade para você dar o primeiro passinho
Oh minha menina, como o tempo voa
Como eu queria te manter assim, cabendo nos meu braços
Mas como é gostoso te ver crescer
Como é delicioso morrer de rir com suas travessuras
Como é delicioso comprar suas roupinhas e sapatinhos
Como é gostoso ver Cocoricó com você
Como é gostoso voltar a ser criança brincando com você
Como é gostoso sentir meu coração fora do meu corpo
Como é gostoso ver minha continuação crescendo, linda e saudável
Como é gostoso viver ao seu lado
Como é ENORME esse amor que sinto por você, que eu nem imaginava que existia coisa assim
Como é bom saber que estaremos sempre juntas, levando a vida de mãos dadas
Como é bom saber que eu tenho um lindo motivo para viver feliz, pois você existe
Como é bom ter você, ser sua mãe, Isabella.

Ah se o tempo parasse...

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Tem como chegar em casa, ver uma princesa dessa e ainda se preocupar com algum problema?!


Nunca na vida desejei tanto que o dia tivesse 48 horas, que fosse que nem aqueles bancos que atraem clientela com aquela propaganda tentadora do caixa eletrônico 30 horas, inteligente a pessoa que pensou nisso, porque no fundo, ninguém se contenta só com 24 horas. Eu madrugo, me arrumo, olha para a casa de pernas pro ar, respiro fundo, conto até dez, pego minha filha ainda dormindo, a enrolo com tantos edredons e mantas que perco as contase vou correndo pra minha mãe, deixo a Isabella dormindo como um anjinho (por um segundo desejo voltar a ter 10 meses para ter aquele sono tranquilo e despreocupado), vou correndo pegar o fretado - sempre me atraso porque fico um tempão me despedindo da Isabella, conversando com ela... detalhe: ela está dormindo! Chego correndo no trabalho, onde quase sempre estou sem disposição para fazer tudo correndo e acabo me sentindo uma lesma. Tomo uma overdose de café para aguentar o tranco de acordar às 4:30 e dormir 00:30 e trabalhar num ritmo decente.
Às 16:40, vou correndo pegar o fretado, na ânsia de chegar logo em casa e tomar a Isabella em meus braços. Vou sonhando com aquelas bochechinhas, aquelas coxinhas... vou rindo sozinha, lembrando da última novidade dela (a de ontem foi ela aprender a soltar beijo). Desço do fretado correndo, vejo a Isabella e o cansaço some. Sempre achei um exagero fora de propósito quando as pessoas diziam "Chego do trabalho cansado, estressado, mas quando vejo o sorriso da minha filha, tudo passa". Desde quando um simples sorriso faz passar o stress de um dia daqueles!?
Pois bem, mais uma vez queimei a língua e a maternidade me provou mais uma máxima das mamães corujas. Sim, vejo a Isabella, aquele sorriso maravilhoso, e toda a canseira dessa correria maluca passa. Depois janto correndo pra pegar ela no colo, depois arrumo as coisas dela correndo pra levar pra casa, depois o pai dela chega do trabalho (correndo) e me chama pra ir embora correndo pra casa que ele quer descansar - descansar... deve ser bom fazer isso... como é bom e prático ser homem. Pois bem, chego correndo, às vezes faço uma comida correndo (porque a Isabella está chorando), lavo uma roupa, uma louça, dou uma ajeitada na casa conforme o meu tempo me permite, e vou correndo ficar com a minha filha, que não quer nada além de brincar de "cadê o nenê? ACHOOOOOOOOU".
Embalo a Isabella nos meus braços, cantando um música de ninar qualquer (na maioria das vezes eu invento), e quando ela dorme me sinto com o dever cumprido por aquele dia, UFA! Minha vida é correr... mamães modernas sofrem e aprendem no dia a dia as dificuldades de querer ser a mulher maravilha e se desdobrar em 2, 3, 4... A maternidade nos prova que é na prática que a gente aprende, que muitas coisas na vida, a gente só aprende quando passa por elas.

Padecendo no paraíso.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Antes de ser mãe, eu não me preocupava com a morte e tão pouco com a quantidade de anos que eu gostaria de viver, também não me preocupava tanto com a violência infantil, nem com a vasta quantidade de vacinas e seus preços absurdos.
A maternidade me transportou para um mundo onde preocupações que antes não faziam parte da minha vida, agora rondam meus pensamentos. Antes de mais nada, é bom ressaltar que tenho um pensamento um tanto quanto paranóico, trágico e caótico. Durante boa parte do dia, dedico meus pensamentos às variadas formas trágicas de morrer, sofrer acidentes e perder pessoas queridas. Se eu morrer, como minha filha vai ficar? Quem vai transmitir os mesmos valores e cuidar dela do mesmo jeito que eu? Mãe é insubstituível!
Sim, eu sofro um tanto com isso, vivo numa perturbação constante, mas nada demais. Esse é o preço que se paga por vivenciar o milagre da vida e dar à luz a um ser que te mostra que você nunca soube o que é amor de verdade na vida antes dele nascer. Depois que se é mãe, você se torna uma pessoa sedenta por informações que antes lhe eram inúteis, como: preço de vacinas, para quais doenças elas existem, violência infantil, pedofilia, doenças, distúrbios comportamentais, etc etc etc
Ufa, me cansa ser assim! Além do cansaço físico de me dividir em mãe, profissional, esposa e dona de casa, o cansaço mental é de matar! Se a Isabella espirra, já a imagino com uma pneumunia daquelas e corro pro consultório da pediatra, que como sempre, me diz que isso é coisa corriqueira, que toda criança passa, com aquele ar de "você não sabe de nada mesmo, sua neurótica".
Agora entendo aquela frase "ser màe é padecer no paraíso" no seu sentido mais pleno, porque a Isabella ainda nem fala, nem anda, e eu já morro de preocupação. E quando paro pra pensar nas noites que vou passar em claro quando ela for pra balada? Deus do céu, só de pensar eu passo mal! Só quando nos tornamos mães, que entendemos as nossas mães. Antes achava um exagero ela não dormir quando saía a noite, quando insistia pra eu comer mais, quando mandava eu levar um casaco quando ia sair... Minha filha tem 9 meses, e eu já insisti pra ela comer, já coloquei 4 casacos e me senti culpada por ela estar passando frio... Mãe é mãe, e mãe é tudo igual, só muda o endereço mesmo... sempre relutei em acreditar nessas frases clichê, mas dei o braço a torcer... é verdade!

Nossa língua portuguesa...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007


Cartaz em uma farmácia de Portugal... sem mais comentários! rs

A volta ao trabalho...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Foto tirada da Isabella, momentos depois de eu acordar, no dia que voltei ao trabalho.


Volta e meia eu me pego nostálgica ao lembrar da minha licença maternidade, foram quase 5 meses cuidando em tempo integral da minha florzinha, dedicava cada segundo do meu dia à ela, até quando ela dormia, sentia uma necessidade quase que vital de estar por perto, era o cordão umbilical que jamais seria cortado, aquele que vem do coração. Meu passatempo preferido era arrumar as coisinhas dela, dobrar as roupinhas, fazer anotações no albinho do bebê, lavar aquelas roupinhas minúsculas, acompanhar a respiração dela durante o soninho... Meu mundo girava em torno dela, já nem lembrava que eu tinha vida, que tinha meu trabalho me esperando, que tinha um mundo lá fora e este não girava em torno da Isabella.
Ah, se eu soubesse o quão preciosa é essa fase, teria aproveitado mais ainda cada segundo, teria me deliciado com meu cansaço e dormido menos do que eu dormia, só pra contemplar a existência da minha filha. Estar com ela 24 horas por dia era uma necessidade vital, me recusava a sequer imaginar que o mundo lá fora me esperava, minha antiga rotina ia voltar à ativa e aquele grude ia acabar. Doía só de pensar, eu me recusava, mas eu mesmo tempo, tinha que me preparar. Passar algumas horas do dia longe dela, fazer outra coisa que não fosse cuidar ela, me era totalmente estranho e uma idéia inconcebível. Me animava em pensar que voltaria a me sentir útil, que voltaria a usar minha antigas roupas e que minha silhueta redonda estava retomando forma humana. Mas quando chegava a hora de pensar que retomar a antiga rotina significava estar longe da pessoa que eu mais amava na vida, que amava do fundo do coração, que amava até do fundo do útero, doía por demais.
Me indigniva e ficava a pensar com meus botões, que depois da maternidade, toda mulher deveria ser bem remunerada para ficar 24 horas por dia se dedicando integralmente à sua cria. Oh mundo cruel... o dia do retorno ao trabalho ia se aproximando, eu ia ficando cada dia mais deprimida, era como se uma onda estivesse vindo pra derrubar meu castelinho de areia, como um lindo sonho acabando para você ser despertada para a realidade. Uns três dias antes de voltar a trabalhar, sentia o monstro da angústia apertar meu peito bem forte, parecia que ia me matar, a idéia de me separar dela durante longas horas doía no coração, eu olhava pra ela e chorava, chorava, chorava... era tão injusto me separar de parte de mim, tão dolorido...
Quanto mais aquele primeiro dia de Março de 2007 se aproximava, mais doía, eu me questionava se iria aguentar a distância. Então chegou o dia, o relógio despertou, 5:20AM, olhei para o berço e vi aquela coisinha linda que mais parecia uma bonequinha de porcelana, e meu coração já se partiu em mil. Respirei fundo, contei até 10, tomei café, me arrumei... e chegou a hora de ir... tinha acabado de amamentar ela e entreguei à minha mãe, nunca imaginei que fosse tão duro fechar a porta de casa e partir, olhava para ela, olhava para aqueles olhinhos inocentes que sequer tinham idéia do que estava acontecendo, e me punha a chorar, chorava sem parar, era um sentimento de culpa, como se eu estivesse abandonando minha filha. Chorei muito, foi duro, mas fechei a porta, e segui em frente, minha vida tinha que continuar! A cada passo que eu dava rumo à minha vida normal, minha tristeza ia dando espaço ao entusiasmo de saber que quase 6 meses depois, eu ia voltar a ter vida útil, ia rever minhas amigas do trabalho...
Cheguei no trabalho e parecia que eu nunca tinha saído dalí, fui recepcionada com bexigas de festa e abraços, e enfim, a tristeza passou (óbvio que eu ligava pra casa de 5 em 5 minutos). Minha vida tinha voltado ao que era, foi uma sensação estranha... na hora do almoço voltei ao mesmo restaurante em que havia almoçado no dia que descobri que estava grávida, no mesmo lugar onde aquela menina quase chorava de tanto medo e angústia. E naquele dia eu já era uma mulher, uma mãe, olhando para aquele lugar um filme passava pela cabeça e eu me admirava com o quanto minha vida havia mudado e, ao mesmo tempo, tinha voltado a ser a mesma coisa.

A maternidade e ele

segunda-feira, 23 de julho de 2007


O tempo vai passando e você percebe que o "ser mãe" já está embutido dentro de toda mulher. Às vezes é difícil ser mãe e mais alguma outra coisa ao mesmo tempo, quer um exemplo? Ser mãe e mulher(ou namorada) ao mesmo tempo é uma tarefa desafiadora. Sim, antes do pimpolho nascer, vocês eram só vocês, os dois, e dedicavam cada segundo um ao outro, entre sessões de cinema e declarações de amor, cada um era exclusivo do outro. No meu caso, meu namorado estava alí, nos víamos quando dava vontade, quando batia aquela saudade, aquela ansia de estar junto... era uma delícia aquela imprevisibilidade, aquela falta de cobrança, aquele compromisso descompromissado.
A partir do momento em que se lê POSITIVO no Beta HCG, você vira outra, muda instantâneamente de personalidade e deixa aflorar aquela mãe que existia adormecida dentro de você. Durante a gravidez, a relação já muda: não podem mais sair pra tomar uma cervejinha, você não se sente mais à vontade pra encarar uma balada(afinal de contas, agora você é mãe), as conversas já giram em torno do bebê e as cobranças começam a surgir. Você se sente gorda e nada atraente, fica insegura e sensível. Sim, é uma barra para os dois lados! Depois que o bebê nasce, você vira mãezona de vez, esquece do mundo em sua volta e volta toda sua atenção para sua cria. Depois tem a quarentena, as noites sem dormir, a recuperação do parto, as preocupações... e no meio disso tudo, tem espaço para romantismo? A resposta é NÃO. Claro que estou expondo meu ponto de vista, relatando o meu caso, e cada caso é um caso. Todo o tempo que vocês tinham um para o outro, inexiste. As reservas emocionais vão todas para o "cuidar do bebê".
São milhares de coisas a serem pensadas e pontos a serem discutidos, contas a pagar, etc etc etc. Aquele encanto do namoro se torna uma rotina chata e cansativa, onde não há mais espaço para serem namoradinhos. Porém, o tempo vai passando, sim, ainda bem que ele passa! Nesse caso, não queria que ele parasse! Não é fácil, mas é superável. Acredito que quando se planeja uma gravidez, planeja-se também o futuro da vida a dois. Mas quando se é pego de surpresa, é uma façanha manter o relacionamento. A falta de tempo aos poucos vai sendo aceitada e digerida e aquele clima de namoro(que nunca mais vai ser o mesmo) vai resurgindo de forma tímida e minimizada.
O tempo passa e o bebê e vocês dois passam a ser um só, a idéia de família se torna uma delícia! Fazer passeios a três começa a ser uma idéia bacana e uma tarefa divertida, e aos poucos vocês vão se adaptando à nova realidade.
É como se diz por aí... o tempo cura tudo!

Recomendação: Vejam os vídeos desse site, que vai desde a concepção até o parto, é LINDO e emocionante, altamente recomendável de se ver!!!!
>>> http://www.federacao-vida.com.pt/gravidez/vidautero/index.htm

E tudo muda, adeus velho mundo...

terça-feira, 10 de julho de 2007


"E tudo muda, adeus velho mundo..."
É, bem como disse o Herbert, adeus velho mundo MESMO! Engraçado que sempre gostei muito dessa música, em especial dessa frase, e nunca pensei que ela fosse se encaixar tão perfeitamente na minha vida!
Os dias na maternidade são envolvidos por uma atmosfera de encanto e magia... você não precisa fazer nada, tem uma equipe de enfermeiras até para colocar remédios na sua boca e te poupar de todo e qualquer esforço, são tantas visitas, presentes, congratulações e... quando você chega em casa, a ficha cai de vez! Ainda mais para mim, que não tinha planejado ter filhos pelos próximos 50 anos. Em casa não tem enfermeira pra te ajudar a tomar banho, pra lembrar os horarios dos remédios, pra te ajudar em qualquer perrengue, pra dar banho no bebê, para socorrer o bebê quando ele estiver se esguelando e, você alí, estática, tentando decrifar o motivo daquele choro estridente. Tudo é novidade, ser mãe é uma missão desbravadora, pela primeira vez na vida você se vê obrigada a adivinhar. Sim, o choro do bebê pode ter ene motivos, e você tem que acertar na mosca! Já tinha ouvido falar que para cada motivo, o choro tem uma entonação diferente, mas para mim, mãe de primeira viagem e pessoa totalmente alheia ao universo infantil, era tudo igual! Aí a Isabella chora, eu paro, escuto com atenção, analiso, pondero e... vamos por tentativa e erro! Será fome? Não! Xixi? Não! Cocô? Não. Ah... não sei!
Nessas horas nossa mãe vira um verdadeiro oráculo, ela diz o motivo e é tiro e queda! O primeiro mês não é nada fácil, além da recuperação dolorida da cesárea, continuava tão chorona - se não mais - quanto na gravidez, a auto-estima despenca, você nunca esteve tão baranga! Nenhuma roupa serve(a não ser aquelas camisolas de vovó), você está inchada e sente vontade de se enfiar inteira num buraco toda vez que chega uma visita - sim, quem tem o mínimo de vaidade jamais vai querer se deixar ser vista em um estado tão deplorável! Além de tudo, você passa noites e mais noites sem dormir e se sente a própria Mimosa, com tanto leite que até vaza! Quem é essa? Essa pergunta ecoava na minha cabeça, eu já não me reconhecia mais e, definitivamente, tinha entendido o que toda mãe diz: "Um filho muda tudo na vida, você só vai saber quando for mãe".
De repente, você muda de valores, muda de conceitos, muda as convicções, muda de aparência, muda de prioridades, muda de personalidade.... Ser mãe é um divisor de águas, em todos os campos da sua vida, até mesmo profissionalmente, você muda e é capaz de qualquer esforço para dar o melhor de si se isso trouxer algum benefício para a sua cria. Você agora tem uma responsabilidade enorme nas costas, para todo o sempre, isso é assustador, e também maravilhoso. Quando se é mãe perde-se muita coisa, mas ganha-se muito mais... quando, antes de ser mãe, você teve um bebê lindo pra morder, você embarcou no mundo do faz de conta sem a mínima vergonha, você se sentiu completamente compensada com um simples e banguelo sorriso? Esse meu novo mundo, me faz perceber que no velho mundo, nada realmente me completava de verdade, como se viver fosse uma caminhada para atingir um objetivo e, este, é ser mãe! Me fez me questionar, como eu tinha conseguido chegar até aqui sem ter provado a delícia de ser mãe, como eu tinha vivido 22 anos sem a Isabella... você sente o seu mundo convergindo para um ponto central, que pode se chamar João, Mariana, Isabella, Pedro, Henrique, Clara, Julia...
A rotina massante de cuidar de um bebê, não dormir e se recuperar de uma cirurgia abdominal, se torna um fardo doce e leve quando se olha para aquele bebê tão lindo e perfeito. Esse meu novo mundo é surpreendente, me mostrou um lado meu que eu jamais pensei que existisse, revelou uma pessoa totalmente nova, que já não era mais capaz de pensar em si própria em primeiro lugar, que seria capaz de matar e morrer pela cria, que conhece o amor incondicional, no sentido pleno.
Ser mãe é altamente recomendável!
PS.: Na foto, eu gorda, inchada, descabelada, com olheiras e a bebê mais linda desse mundo (ainda não tinha nem 1 mês), final de Outubro/2006.

Sobre a cesárea

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Estava eu aqui lendo os comentários, e acho que vale ressaltar que não estou incentivando fobia à cesárea nem querendo aterrorizar as futuras mamães, até porque, cada uma tem uma forma diferente de se recuperar da cesárea, algumas dizem que tiveram uma recuperação rápida e pouco dolorida, enquanto a maioria (incluindo eu), tiveram uma recuperação lenta (que dura semanas e até meses) e dolorida. Há também o fator emocional, a reação da mulher à uma cesárea vai desde a aceitação até a decepção. No meu caso, passei a gravidez inteira anulando a possibilidade de uma cesárea e em momento algum me imaginei na mesa de cirurgia, coisa que NÃO RECOMENDO! Muito embora toda mulher deva se preparar para ter um parto normal, nunca deve-se descartar a possibilidade de fazer uma cesariana (se esta for necessária). Como já relatei anteriormente, antes do parto, entrei em desespero e me senti profundamente decepcionada. Como a maioria das pessoas que visitam aqui ainda não teve filho, vale a pena tomar conhecimento a respeito dos tipos de parto para, no futuro, não ser ludibriada por uma GO “cesarista”. A cesárea é uma cirurgia de grande porte, onde corta-se 7 camadas da barriga até chegar ao útero e que trás riscos de infecção na mãe e de problemas respiratórios no bebê. Segue aqui alguns riscos que a cesárea tem:

  • grandes sangramentos podem ocorrer quando o útero fica muito mole, ou seja, não contrai normalmente
  • o útero pode rasgar quando o bebê sai, aumentando o corte e necessitando de mais pontos para ser reparado
  • agressões aos órgãos urinários e intestinais
  • complicações relacionadas com a anestesia, tais como parada respiratória, parada cardíaca, queda da pressão e dor de cabeça muito forte (entre outros)
  • infecções, havendo a necessidade de uso de antibióticos. Algumas vezes a infecção pode aumentar havendo a necessidade de internação e novas operações. Existem casos em que as infecções deixam seqüelas e podem levar à morte.
  • formação de coágulos que impedem o sangue de circular, provocando a trombose, que por sua vez podem provocar desde edemas até a morte
  • abertura espontânea do corte do útero ou rompimento do útero na gestação seguinte, é rara mas pode acontecer.
  • na gravidez seguinte a placenta pode grudar no útero mais profundamente, principalmente em mulheres que sofreram muitas cesáreas. Esta é uma situação grave que pode levar a perda do útero, grandes sangramentos e risco de óbito para a mulher.
  • na gestação seguinte, a mulher que sofreu uma cesárea já é considerada uma paciente de alto risco obstétrico, já que pode ocorrer qualquer uma das complicações acima citadas.

Vale ressaltar também, que na OMS, recomenda-se um índice de 15% de cesáreas. Porém, infelizmente, aqui no Brasil, a cesárea chega à alarmente faixa que varia entre 80 e 90%(exceto na rede pública). O motivo? Comodismo, falta de preparo e até mesmo medo do GO, opção da gestante, por ene fatores(na sua grande maioria, absurdos! Tais como: medo da vagina não voltar para o lugar, medo da dor(vale lembrar que no parto normal, você sente dor SIM, mas na hora. Já a cesariana, é indolor na hora, devido à anestesia, porém, a recuperação é dolorida e lenta)). Para quem nunca teve a oportunidade de ver tanto um parto normal, quanto um cesáreo, vão aí alguns links:


Cesárea:
http://www.youtube.com/watch?v=ySPNswzcHW8
(quem não tiver cadastro no YouTube, pode usar o meu: brynasouza/bellinha).

Parto Normal:
http://www.youtube.com/watch?v=DHPODttECZU

Fonte: site Amigas do Parto.

Na próxima continuo minha "epopéia"! ;-)

Nasce um bebê, e também uma mãe!

terça-feira, 26 de junho de 2007

Quando nasce um bebê, nasce também uma mãe. Eu que desconhecia tudo a respeito de cuidados com bebês, provei a sensação de ter recebido um dom divino, eu tinha nascido novamente, na forma de mãe, com habilidades que na minha outra vida, jamais teria! Trocar fraldas, trocar roupinhas, pegar no colo segurando o pescocinho molinho... tudo isso que me era estranho, mas agora, nessa vida, era algo corriqueiro! Ser mãe é algo inexplicável, que transcende o entendimento humano. É ver a natureza agindo a seu favor, para cuidar da sua cria. Assim que cheguei no quarto, a enfermeira me ensinou a amamentar, nem precisava, eu e a Isabella já estávamos em perfeita sintonia! Minha família toda estava ali, quase explodindo de tanta alegria, me contando os detalhes, me mostrando as fotos... e eu, pobre de mim, não podia nem sequer falar(falar dá gases nessa situação). A madrugada chegou e o efeito da anestesia foi passando e, com isso, vinha a dor insuportável que eu tanto temia. Definitivamente, a cesárea é uma aberração! O primeiro desafio do dia foi levantar da cama, todo e qualquer movimento que eu fazia, me causava uma dor enorme: andar, sentar, levantar, deitar... Enfim, a única coisa que eu poderia fazer que me isentava de qualquer dor, era respirar! Eu andava corcunda e em passos de formiga, minha barriga foi colada, não levei pontos, o que me causava a sensação de que se eu me esticasse, minha barriga iria se abrir. Pela primeira vez na vida, me senti uma inválida, não conseguia fazer absolutamente nada sem o auxílio da minha mãe ou da enfermeira, nem banho eu conseguia tomar sozinha, era algo que chegava a ser constrangedor. Falando em constrangedor, vale ressaltar o detalhe do absorvente pós-parto, que mais parecia um fraldão geriátrico, tinha que usar aquilo devido à hemorragia.
Quando me olhei no espelho, por um segundo, me perguntei quem era, o que era aquilo? Foi um choque enorme descobrir que aquela criatura com cara de Trakinas era eu, estava super inchada, da cabeça aos pés, literalmente! Chega a hora do almoço, mais um suplício no meu difícil dia: comer a gororoba do hospital, urgh!
Mas no meio de tantas dores e dificuldades, eu olhava para aquele pacotinho cor de rosa que estava numa caixa de acrílico ao lado da minha cama, e reconhecia que tudo aquilo valia muito a pena. Olhar para aquele bebê lindo (não, ela não nasceu com cara de joelho) era a coisa mais compensadora do mundo! Fui aprendendo o bê-a-bá da maternidade com a minha mãe, que foi uma mãe, no sentido pleno da palavra. Me acompanhou nas 3 noites em claro que passei no hospital, me ajudou em tudo! Sem ela eu não conseguiria segurar a onda, a Isabella resolveu trocar o dia pela noite, simplesmente chovara até o Sol raiar. Era uma situação complicada... quando ela dormia, eu a colocava no mini-berço e levava uns 5 minutos para me deitar na cama, de uma forma que me causasse menos dor. Era só eu deitar que a Isabella abria o berreiro, minha mãe corria para socorrê-la, enquanto eu passava longos minutos para conseguir me levantar da cama. Essa situação acontecia repetidas vezes ao longo da madrugada, e o motivo? A pobre Isabella não sabia sugar o leite direito, estava faminta! De repente, estava lá, eu e minha filha, eu aprendendo a amamentar, e ela aprendendo a sugar.
E assim passaram-se 3 dias no hospital, entre visitas e presentes, eu me olhava e via cair por água a baixo os meus planos de voltar a usar minhas roupas de antes da gravidez. Mais uma vez, ao contrário do que se vê nas novelas, eu não saí linda, magra e pronta pra outra do hospital! Minha barriga ainda estava inchada, parecia que ainda estava com uns 4 meses de gravidez, estava toda inchada, meu rosto estava desfigurado, passava dos 80kg, era desesperador!
Enfim, chegou o dia da alta médica, mas antes, tive que ir para a difícil tarefa de levar a Isabella para fazer o teste do pézinho. Enfia-se uma agulha grossa no calcanhar do bebê e espreme com bastante força, enquanto isso, eu tinha que segurar a Isabella, que se contorcia e chorava de tanta dor. Na verdade, eu não sabia em quem doía mais, em mim ou nela. Eu daria tudo pra poupar minha filha daquela dor, pela primeira vez na vida, me vi numa situação em que eu me dispunha a sentir dor no lugar de outra pessoa, o nome disso? Instinto materno!
Depois chegou a hora de ir embora, confesso que me deu um aperto no coração sair dalí, deixar para trás o lugar onde eu tinha vivido o melhor momento da minha vida, já tinha feito até amizade com as enfermeiras. Tirei várias fotos do quarto para guardar de lembrança daqueles três doces e doloridos dias.

PS.: Na foto, a Isabella assim que chegou do berçário!

Minha "necesárea"

terça-feira, 19 de junho de 2007

Tava pensando aqui com meus botões... esse deve ser o enézimo blog que crio, mas em todos os anteriores, eu relatava com textos recheados de palavrões e gírias, o quanto eu tinha enchido a cara e me divertido no fim de semana, dentre outros assuntos tipicamente adolescentes... Aí de repente, eu paro pra pensar mais ainda, e percebo, pela primeira vez, que amadureci 10 anos em 9 meses, que tudo aquilo só faz parte de um passado bem distante que eu me pergunto se vou ter coragem de contar pra minha filha, para não abrir precedentes(risos). Quem me conheceu há pelo menos 4 anos atrás, sabe bem do que estou falando, me preocupava em sair e me divertir, em pintar o cabelo de roxo, em ouvir Ramones, em ter um visual agressivo, em ver o mundo girando, porque isso era tão divertido.... Bom, estou no dia 23 de Outubro de 2006, nada disso que citei acima faz mais parte da minha vida, aliás, falando em vida, nesse dia, acordei sem fazer a menor idéia de que esse seria o melhor e mais importante dia de 22 anos de existência! Eu já estava desencanada, não sentia nenhuma dor, a GO me dizia repetidas vezes que eu não tinha nenhum milímetro de dilatação.... eu já havia me conformado que a Isabella seria o primeiro bebê a nascer de 12 meses! Como já tinha passado da DPP, tinha um ultrassom marcado para depois do almoço para saber a quantas andava a minha bebê que tinha preguiça de nascer. Pela oitava e derradeira vez, lá estava eu, esperando para fazer mais um ultrassom. Já tinha me familiarizado com as imagens que já não eram mais abstratas para mim, já conseguia destinguir pé de cabeça! Tudo ia muito bem, até que a radiologista me diz, com a maior cara de paisagem: "Você vai ter que fazer uma cesárea ainda hoje, o seu líquido amniótico está acabando", hã? Fui correndo para minha GO, furei fila, entrei logo na sala dela, louca de vontade de ouvir que eu poderia sim esperar por um parto normal - desde pequena, tenho HORROR a parto cesáreo, ouvia histórias terríveis a respeito das dores da recuperação, e não era nada animador pensar que 7 camadas da minha pobre barriguinha iriam ser cortadas! Assim que abriu o ultrassom, minha GO disse: "O nível de líquido amniótico está muito baixo, sua bebê pode ficar sem oxigênio, temos que fazer uma cesárea ainda hoje!", antes que eu esboçasse alguma reação, ela complementou: "Vou desmarcar minha última cliente, se interne na Santa Casa às 17 horas que às 19 estarei lá para fazer a cirurgia!". A única coisa que consegui falar foi: "Não pode ser amanhã?", na esperança da bolsa romper de madrugada, e ter um parto normal. A resposta foi: "Não, não podemos esperar até amanhã, até lá ela pode morrer sem oxigênio!". Saí do consultório desolada, arrasada e triste, pois tinha me preparado 9 meses para ter um parto normal, a idéia de fazer uma cesárea era inconcebível, era como se o ciclo da gravidez não tivesse terminado da forma correta, odiava a idéia de que minha filha seria arrancada de mim, ao invés de sair por livre e espontânea vontade, odiava a idéia de ter minha barriga cortada... cheguei em casa e me debulhei em lágrimas, chorei como poucas vezes, não acreditava que teria que me submeter àquela cirurgia horrível! O clima na família era de festa, exceto para mim. Assim como dizem sobre as drogas "o próprio nome já diz", vale o mesmo para o parto normal, o nome diz por si só, que é a forma normal de vir ao mundo, a cesárea era uma aberração que infelizmente é praticada descessáriamente pelos médicos do Brasil, por puro comodismo. Que médico quer ficar esperando horas, ou até dias, a sua paciente se contorcer de dores até o momento em que atinge 10 cm de dilatação para fazer o parto? Que médico vai ser xiita de parto normal, se paga-se melhor para fazer uma cesárea? Não quero generalizar, ainda têm médicos sensatos por aí, mas devo confessar que minha GO tentou me induziar a fazer uma cesárea durante os 9 meses, argumentava que ela não fazia parto normal por ene motivos, mas eu sempre relutei, e não mudei de GO porque ela me acompanhava desde que tinha 12 anos, me sentia mais segura com ela! Entrei no MSN para avisar aos meus amigos que a Isabella iria nascer, chorei mais um pouco, fui tomar banho, me arrumar, arrumar as malas, chorar, me lamentar e, enfim, ir para o hospital. A essa altura, tinha que me conformar com a cesárea, até porque soava um tanto quanto egoísta querer esperar um PN, sendo que minha filha corria risco de morte. Então encarei os fatos, e cheguei ao hospital... lá descobri que aquelas cesáreas que aparecem nas novelas, são pura ficção, na vida real, o negócio é frio e automático. Cheguei na sala de pré-parto, aquela mesma onde as mulheres se contorcem de dor para atingir os 10cm de dilatação, do meu lado, tinha uma menina, jovem, deveria ter a minha idade, que estava se contorcendo de dor desde as 10 da manhã (a essa altura, já passava das 6 da tarde), eu me sentia dividida entre me sentir aliviada de não estar morrendo de dor, ou de sentir inveja daquela dor que eu sequer tinha sentido. Depois chegou outra mulher, mais velha, com ar tranquilo, falando que havia marcado uma cesárea, pois tinha horror a parto normal (é, tem louca pra tudo!). Tudo ia muito bem, muito tranquilo, até entrar uma enfermeira "porra louca" na sala, ela olhou para a menina que se contorcia de dor, e dizia "Tá achando ruim, então porque fez? Quer parto normal? Agora aguenta!", mais uma vez, mais outra pessoa levantando a bandeira da cesárea! De repente, a maluca vem em minha direção, pergunta se eu tinha me depilado, e por um segundo pensei em responder: "Você acha que consigo enxergar alguma coisa com essa barriga gigante?", mas me contive em responder apenas "não". Com um ar de "ai que saco", ela levantou minha camisola, olhou a situação, se virou, foi não sei onde, e voltou com uma gilete enorme da mão, levantou minha camisola e... calma, ainda vem coisa pior pela frente! Logo depois, vem a maluca, falando alto e cantando, com uma sonda na mão e, sem hesitar, mandou eu abrir as pernas e disse que ia colocar a sonda. Apenas imaginem a dor que foi sentir uma mangueirinha de borracha, entrando no canal urinário! Bom, quando eu pensei que já tinha passado por tudo alí, me vem a louca falando em lavagem intestinal... vou parar por aqui, pois todo mundo sabe como que é que se faz isso! Depois de tanto constrangimento, entra minha mãe e meu namorado na sala, com um ar de felicidade, batendo fotos e esperando que eu estivesse com a cara mais feliz do mundo. Pior que isso, só escutar meu namorado dizer: "Que bom que vai ser uma cesárea!", é muito bom ser homem... só falou isso porque jamais na vida iria passar pelo o que eu estava passando! Eram quase 8 da noite quando chegou minha GO, com a pressa que já era de praxe, me passou pra uma maca, colocou aquela roupa de médico que vai para uma cirurgia, e me empurrou corredor a dentro, rumo à sala de cirurgia. Bom, a sala de cirurgia não era nada daquela coisa bem equipada, bem iluminada e bonita que aparece na TV (e olha que meu parto estava sendo particular). Deito na mesa, jogam aquele lençol bem em frente ao meu rosto e vem a enfermeira, com cara de boa menina, com uma seringa na mão, me dizendo que não iria doer nada, e enfiou uma maguerinha dentro da veia da minha mão esquerda, poucas vezes na vida tinha sentido uma dor daquelas! Depois vem outra enfermeira, com dois pedaços de madeira e cordas, coloca um pedaço de madeira embaixo de cada braço meu e me amarra, parecia que eu estava na cruz! O anestesista chegou e, a primeira coisa que perguntei foi se a anestesia doía mais que aquela mangueirinha que tinham enfiado na minha mão, quando ele disse que não, respireia aliviada! Logo ele me mandou sentar para aplicar a raqui, outro rapaz foi incumbido da difícil tarefa de me segurar pelo pescoço para que eu não me mexesse. A essa altura, antes de sentir uma agulha entrar na minha espinha, tive que escutar o anestesista falar: "Você gosta de Ramones?", a vontade que eu tinha era de dizer "Não, odeio... tenho o hábito de tatuar nomes de bandas que eu detesto", mas me contive no "Sim, gosto!". A anestesia nem doeu muito, deitei e logo não sentia mais nada do pescoço pra baixo. Na verdade, me sentia deitada na mesa de um açougue, era um tal de me mexer pra lá e pra cá, de pegar ferramentas... tudo bem, eu não estava sentindo nada, só queria que fossem logo, pois já estava há nove meses sedenta por ver o rostinho da minha filha! Uns 15 minutos depois, a médica aperta minha barriga com uma força tão grande que pensei: "Pronto, esmagaram a pobre Isabella", logo em seguida vejo um bebê quietinho, pendurado de cabeça pra baixo, levar um tapa no bumbum para chorar. Ao contrário daquela emoção toda das novelas, levaram minha filha para uma mesinha ao lado para limpar e fazer todos os procedimentos necessáreos a um recém-nascido. Uns 5 minutos depois, levam minha filha até o meu lado, me dizem "olha ela aqui", e antes que eu arriscasse dar um beijo, levaram ela para o berçário. Além de tudo, a sala estava cheia de estagiários tirando fotos da minha barriga aberta com o celular. Definitivamente, as cesáreas que mostram na TV é pura mentira, na real, você se sente mais num açougue do que qualquer outra coisa. Chorei sim, como toda mãe que vê seu bebê pela primeira vez, mas confesso que esperava algo mais humano. A anestesia, que era à base de morfina, inibiu um pouco minhas emoções, sem contar a coceira no rosto que a morfina causa... o único gesto humano no meio daquelo tudo, foi o ajudante do anestesista (aquele mesmo que foi pago pra me segurar pelo pescoço) me soltar o braço para que eu pudesse coçar o rosto. Minha filha nasceu às 20:48hrs, e só terminaram de me fechar às 21:50hrs, quando fui levada para a sala de recuperação. Lá, eu não conseguia nem sequer falar (efeito da anestesia), nem sentia nada do pescoço pra baixo, apesar de dopada, estava louca de vontade de ver minha filhinha, mas a enfermeira com naipe de funkeira desbocada falou: "ih, fica quietinha aí que você só vai para o quarto quando conseguir dobrar as pernas e levantar a bunda", no estado em que eu me encontrava, aquilo estava fora de cogitação, só consegui essa façanha às 23:50hrs, quando fui levada ao quarto e, finalmente, tive a minha filha nos meus braços. Por essa sensação, valeu tudo o que eu passei. É algo inexplicável... deixa eu parar por aqui, porque a sensação que senti ao ter minha filha nos meus braços pela primeira vez, nem todas as palavras do mundo são capazes de descrever!

Um turbilhão de sentimentos...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Parece que basta ler o resultado do exame pra explodir uma bomba de hormônios dentro de você, fato que me fez acreditar por alguns segundos que minha gravidez era psicológica! Aí você percebe que nostalgia é uma palavra que se faz cada vez mais presente no seu vocabulário, de repente você começa a sentir uma falta inexplicável de tudo aquilo que você nunca mais vai ter de volta, e as lágrimas são inevitáveis... não havia uma pessoa sequer que eu tenha contado que estava grávida sem me debulhar em lágrimas depois, nem que fosse escondida no banheiro (sim, eu me faço de durona, DETESTO chorar na frente de qualquer pessoa que seja).
É um turbilhão de sentimentos, é a vida virando de pernas pro ar, é você começando a comer feito uma loba, é a primeira consulta do pré-natal, são as primeiras roupinhas... enfim, é tudo aquilo que você não programava pra acontecer nem tão cedo na sua vida!
Contar para a família foi o primeiro obstáculo vencido, afinal de contas, eu já tinha 22 anos, já estava formada, trabalhando e com estrutura física(não tenho mais 15 anos!) e financeira pra bancar uma criança, mas a tal da estrutura psicológica era o que me faltava!
E não deixa de ser uma fase de aprendizado, aprendi que desejo de grávida é tudo balela, não passa de desculpa pra se entopir de porcaria - pelo menos no meu caso, não tive desejo nenhum, exceto por pedrinhas de gelo(!).
Começei a ser uma leitora assídua de sites de bebê(http://www.linkdobebe.com.br), daqueles que mostram o desenvolvimento semana a semana e me maravilhava quando lia "nessa semana, os dedinhos estão se formando", devorava livros e revistas a esse respeito...
E vem o primeiro ultrassom, a primeira emoção, a primeira vez que você tem a noção da magnitude do que está acontecendo e a prova irrefutável da existência de Deus... ter outro ser humano se desenvolvendo a todo vapor dentro do seu ventre é algo humanamente inexplicável, coisa de Deus mesmo! Ainda não tinha digerido bem a idéia de ser mãe, ainda chorava todas as noites antes de dormir e ainda era consolada pela minha ainda mãe, digo AINDA mãe, porque uma das coisas mais assustadoras é perceber que você vai deixar de ser filha pra ser mãe, que sua mãe vai deixar de ser sua mãe pra ser a vovó coruja da sua filha.
Os meses vão passando, e com eles vem a ansiedade de saber o sexo, menino ou menina??? Eis a questão e o motivo de uma eterna discordância entre eu e meu namorado. Ele queria Julia, eu queria Amanda, ele odiava Amanda, e eu detestava Julia... todos os nomes que ele gostava não eram do meu agrado, e vice versa, até que um dia, falando todos os nomes que vinham à cabeça, de A a Z, paramos no Isabella e de repente olhamos um pro outro e falamos ao mesmo tempo "gosto desse nome!", pronto, nome escolhido, uma coisa a menos! Agora bastava descobrir se era menina mesmo!
Nunca vou me esquecer do dia dos namorados de 2006, não pelo fato de não ter ganhado nada, mas sim por ter feito o ultrassom morfológico e de repende, no meio daquele monte de imagens abstratas, ouvir a médica dizer "olha a xoxota aqui, é uma menina". Nossa, foi uma emoção inexplicável, parecia que tinha ganhado na mega-sena, já começei a pensar nos vestidinhos, lacinhos, sapatinhos, bonequinhas e em todos os frufrus que iria comprar.... acho que aí sim, começei a aceitar a idéia de ser mãe, começei a comprar as coisinhas do enxoval, que DELÍCIA que é comprar o enxoval, certamente, uma das melhores coisas da gravidez! Mas os tais hormônios da gravidez não me deixavam em paz, a toda hora achava um motivo para chorar, o mais forte deles, era o fato de não ter meu namorado o tempo todo ao meu lado pra acompanhar a gravidez, era pensar que não iríamos criar a Isabella juntos e, como se não bastasse, tinha que segurar a barra da depressão dele!
Quando me dei por mim, já estava no meio da gravidez, me sentia um ser mutante, já não era mais nem sombra do que era há pouquíssimos meses atrás: cabelos desbotados, roupas perdidas, nada de sair à noite e muitos, muitos quilinhos a mais! Logo eu, que era uma anoréxica em potencial, tive que aceitar a idéia de que engordar pelo menos 10kg era inevitável. Também não deixei por menos, engordei vergonhosos 23kg!
Antes de me chamar de draga ou de baleia, leve em consideração que o apetite durante a gravidez é algo avassalador, sentia meu estômago roncar a cada meia hora, parecia que tinha um buraco nele, a comida simplesmente não parava lá!
O último trismestre é terrível, carregava comigo a ansiedade, o cansaço, a falta de ar e os 23kg a mais. A Isabella me chutava cada vez mais forte, chegava a imaginar que mesmo sem me conhecer, ela já não gostava de mim. Depois de 37 longas semanas, sentia que a Isabella podia sair a qualquer momento, parei de trabalhar e ficava em casa o dia todo sem fazer nada, a não ser se entopir de comida e esperar chegar o momento de morrer de dor, era desanimador... meu único (e delicioso) passatempo, era comprar o faltava do enxoval, dividia essa tarefa com a minha mãe, que a realizava com uma empolgação que dava gosto!
Já não tinha mais posição pra dormir, então dormia sentada, chorando de dor nas costas, de cãimbras nas pernas... chorando porque estava parecendo um elefante, chorando porque tinha a impressão de que estava tendo uma gravidez de elefante(demora 2 anos), o tempo simplesmente não passava e a cada instante se tornava mais insuportável ouvir falarem "Nossa, ainda não nasceu???", "Quando que vai nascer?".
A DPP(data prevista do parto) passou e nada... e o que aconteceu depois, é história pra ser contada outro dia! ;-)

A delícia e a dor de ser mãe

terça-feira, 5 de junho de 2007

Bom, antes de mais nada, esta que vos escreve é a mãe da Isabella! Sim, ser mãe também é perder a identidade, é perder a atenção dos outros que passam batido por você e correm pra ver "como ela cresceu, como está linda", é renunciar a si mesma e pensar única e exclusivamente se a marca da fralda é boa, se o tubo de Hipoglós está acabando, se aquele sapatinho lindo ainda serve, se ela está se alimentando direito, se estou sendo uma mãe presente, se estou educando da forma correta, se está frio pra ela usar aquele vestidinho lindo... ufa... mas ainda tem mais: é deixar, de uma forma natural e involuntária, de pensar em você mesma, de deixar de comprar por impulso e pensar dia e noite naquela calça jeans maravilhosa que você só vai sossegar quando gastar uma grana comprando ela. Ser mãe também é abrir o guarda roupas e ver que faz muitos meses que você não compra uma peça de roupa, é se olhar no espelho e ver o quanto você está baranga e deixou de se cuidar pra desempenhar de forma impecável (como se isso fosse possível) o papel de mãe! É parar pra olhar as fotografias do tempo da faculdade (claro que você só vai fazer isso enquanto a princesinha estiver nanando) e lembrar que faz mais de um ano que você não toma uma cervejinha, não vai pro barzinho pra jogar conversa fora até altas horas da madrugada... também é olhar as fotos da época do namoro e perceber que todo conto de fadas um dia vira realidade, pois faz meses que vocês não saem mais juntos nem pra pegar um cineminha, que você não se arruma mais pra ele, que as conversas de vocês agora giram em torno das contas a pagar e de quando a pequena vai na pediatra.
Eu poderia citar aqui milhares de mudanças (e que mudanças) que a maternidade carrega consigo, inclusive porque não sou nem mais sombra do que era antes de 28 de Janeiro de 2006 (sim, quando a Isabella foi, por "acidente", encomendada). Sou outra mulher, deixei de ser menina, de sair pra balada, de comprar roupas e futilidades pra mim, de pensar em mim, de pedir tudo pra minha mãe...
Ainda lembro como se fosse hoje, a sensação que tive ao ler o resultado do Beta HGC, aquele 22 de Fevereiro de 2006, que dia! Senti como se o chão tivesse se abrido e eu estivesse caindo num abismo sem fim, a primeira reação foi pensar em tudo o que eu perderia para sempre (minha liberdade, minhas baladas.... e, o mais assustador de tudo, o meu namorado seria o pai da minha filha e um marido em potencial... seria esse o fim do nosso relacionamento?), até hoje ainda não consegui traduzir em palavras tudo o que senti, mas, se quiser ter uma idéia, é como provar a sensação de morrer e nascer de novo!
Minutos antes, eu era uma menina que estava na porta do hospital, esperando o namorado, chorosa e nervosa porque o teste de farmácia tinha dado positivo, então nós dois (duas crianças), fomos afogar as mágoas no McDonalds e, entre uma batata frita e outra, tentávamos confortar um ao outro falando "Não, aquele teste de farmácia deve ser uma porcaria, deve ter dado errado...". Depois de 2 longas horas de espera, sai o resultado do Beta HCG, o médico me chama de "Dona Brina", pronto, era o que bastava pra aceitar de uma vez por todas que o teste de farmácia estava certo... depois de constatar as nossas caras de desespero, ele disse "De qualquer forma, parabéns!" e entregou o papel com um POSITIVO escrito!
Desse momento em diante, deixei pra trás TUDO o que eu era desde 3 de Dezembro de 1983... não, eu não chorei, agi como mulher, e não mais como menina, admiti que minha vida jamais seria a mesma, que dali há 8 meses seria mãe e que nada, jamais, seria do mesmo jeito! Nunca me senti tão sozinha na minha vida... começei a imaginar que todo mundo nos rejeitaria e nos condenaria por tamanha irresponsabilidade, que meus amigos me abadonariam, que minha mãe me expulsaria de casa, que meu namorado ia me dar um pé na bunda.... mas nessa hora, meu namorado pensou alto "Que conselhos será que vou dar para o meu filho?". Sei lá... eu nem sabia mais o que pensar, além do medo de contar para a família.
Bom, chega de escrever, chega de misturar tudo, de começar escrevendo sobre hoje e terminar escrevendo sobre ontem... os 8 meses seguintes ficam pra outro dia!
Mas antes de dizer tchau, se alguém achou que o início do texto soou um pouco egoísta, não se engane... ser mãe é uma DELÍCIA, e também uma dor! Antes que alguém se questione, se pudesse fazer que nem em Efeito Borboleta, JAMAIS mudaria o curso da minha vida, teria a Isabella SIM! Amo ser mãe, amo ter perdido todas aquelas coisas tolas e amo, acima de tudo, a Isabella, que é LINDA!