A volta ao trabalho...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Foto tirada da Isabella, momentos depois de eu acordar, no dia que voltei ao trabalho.


Volta e meia eu me pego nostálgica ao lembrar da minha licença maternidade, foram quase 5 meses cuidando em tempo integral da minha florzinha, dedicava cada segundo do meu dia à ela, até quando ela dormia, sentia uma necessidade quase que vital de estar por perto, era o cordão umbilical que jamais seria cortado, aquele que vem do coração. Meu passatempo preferido era arrumar as coisinhas dela, dobrar as roupinhas, fazer anotações no albinho do bebê, lavar aquelas roupinhas minúsculas, acompanhar a respiração dela durante o soninho... Meu mundo girava em torno dela, já nem lembrava que eu tinha vida, que tinha meu trabalho me esperando, que tinha um mundo lá fora e este não girava em torno da Isabella.
Ah, se eu soubesse o quão preciosa é essa fase, teria aproveitado mais ainda cada segundo, teria me deliciado com meu cansaço e dormido menos do que eu dormia, só pra contemplar a existência da minha filha. Estar com ela 24 horas por dia era uma necessidade vital, me recusava a sequer imaginar que o mundo lá fora me esperava, minha antiga rotina ia voltar à ativa e aquele grude ia acabar. Doía só de pensar, eu me recusava, mas eu mesmo tempo, tinha que me preparar. Passar algumas horas do dia longe dela, fazer outra coisa que não fosse cuidar ela, me era totalmente estranho e uma idéia inconcebível. Me animava em pensar que voltaria a me sentir útil, que voltaria a usar minha antigas roupas e que minha silhueta redonda estava retomando forma humana. Mas quando chegava a hora de pensar que retomar a antiga rotina significava estar longe da pessoa que eu mais amava na vida, que amava do fundo do coração, que amava até do fundo do útero, doía por demais.
Me indigniva e ficava a pensar com meus botões, que depois da maternidade, toda mulher deveria ser bem remunerada para ficar 24 horas por dia se dedicando integralmente à sua cria. Oh mundo cruel... o dia do retorno ao trabalho ia se aproximando, eu ia ficando cada dia mais deprimida, era como se uma onda estivesse vindo pra derrubar meu castelinho de areia, como um lindo sonho acabando para você ser despertada para a realidade. Uns três dias antes de voltar a trabalhar, sentia o monstro da angústia apertar meu peito bem forte, parecia que ia me matar, a idéia de me separar dela durante longas horas doía no coração, eu olhava pra ela e chorava, chorava, chorava... era tão injusto me separar de parte de mim, tão dolorido...
Quanto mais aquele primeiro dia de Março de 2007 se aproximava, mais doía, eu me questionava se iria aguentar a distância. Então chegou o dia, o relógio despertou, 5:20AM, olhei para o berço e vi aquela coisinha linda que mais parecia uma bonequinha de porcelana, e meu coração já se partiu em mil. Respirei fundo, contei até 10, tomei café, me arrumei... e chegou a hora de ir... tinha acabado de amamentar ela e entreguei à minha mãe, nunca imaginei que fosse tão duro fechar a porta de casa e partir, olhava para ela, olhava para aqueles olhinhos inocentes que sequer tinham idéia do que estava acontecendo, e me punha a chorar, chorava sem parar, era um sentimento de culpa, como se eu estivesse abandonando minha filha. Chorei muito, foi duro, mas fechei a porta, e segui em frente, minha vida tinha que continuar! A cada passo que eu dava rumo à minha vida normal, minha tristeza ia dando espaço ao entusiasmo de saber que quase 6 meses depois, eu ia voltar a ter vida útil, ia rever minhas amigas do trabalho...
Cheguei no trabalho e parecia que eu nunca tinha saído dalí, fui recepcionada com bexigas de festa e abraços, e enfim, a tristeza passou (óbvio que eu ligava pra casa de 5 em 5 minutos). Minha vida tinha voltado ao que era, foi uma sensação estranha... na hora do almoço voltei ao mesmo restaurante em que havia almoçado no dia que descobri que estava grávida, no mesmo lugar onde aquela menina quase chorava de tanto medo e angústia. E naquele dia eu já era uma mulher, uma mãe, olhando para aquele lugar um filme passava pela cabeça e eu me admirava com o quanto minha vida havia mudado e, ao mesmo tempo, tinha voltado a ser a mesma coisa.

5 comentaram aqui...:

Lelê do Nino disse...

Ai Bri, que texto lindoooo!
Como deve ter sido díficil pra vc! Fico só imaginando qdo for a minha vez... Deve ser uma delícia passar por toda essa experiência de ser mãe, mas enquanto isso vou aproveitando da minha sobrinha postiça pra matar a vontade de ir mimando um bb! ;)
Beijos amiga querida!

Anônimo disse...

Q fofo!! Poxa, chega até soar egoísmo, mas a gente tava sentindo tanta a sua falta no trabalho...queríamos tanto q vc voltasse, mas ao msmo tempo sabíamos o quão doloroso era p vc deixa sua princesinha...Mas qdo vc entrou no escritório...nossa era uma outra mulher! Tão diferente daquela menina q a um ano atrás estava tão desesperada...Vc ficou mais linda ainda dpois da maternidade!! Beijos abiga!! ;)

Leila Reis disse...

Ah... que lindo! Além de tudo, você escreve muito bem! É, e eu sabia que você iria sofrer com a volta ao trabalho... mas, ser mãe é estar além da condição de humano... e deixar o filho em casa deve ser terrível! Mas, a vida tem que continuar! E tudo tem a sua recompensa... afinal, hoje, pra você a volta do trabalho deve ser muito mais interessante do que antes! Veja o lado positivo. Chegar em casa e ver aquele bebê lindo, rindo pra você, ah, deve ser bom demais! E como valeu a pena tudo o que aconteceu... A Isabella foi um presente pra todos nós. Depois dela a nossa vida(minha e a do avô) ficou bem diferente mesmo! Parece que temos mais motivos pra viver! Como sou grata à você e ao Marcinho pela existência da Isabella!!! E só de falar nela dá vontade de largar o escritório e ir correndo encontrá-la, dá aquele abraço cheio de saudades... Obrigada Bryna por você ser como é!

Adriana disse...

Q fofo tudo isso =)

Será q um dia sentirei essas coisas?

beijosss!!!

João Feliciano disse...

:)

Ultrasaudade de você.