Ah se o tempo parasse...

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Tem como chegar em casa, ver uma princesa dessa e ainda se preocupar com algum problema?!


Nunca na vida desejei tanto que o dia tivesse 48 horas, que fosse que nem aqueles bancos que atraem clientela com aquela propaganda tentadora do caixa eletrônico 30 horas, inteligente a pessoa que pensou nisso, porque no fundo, ninguém se contenta só com 24 horas. Eu madrugo, me arrumo, olha para a casa de pernas pro ar, respiro fundo, conto até dez, pego minha filha ainda dormindo, a enrolo com tantos edredons e mantas que perco as contase vou correndo pra minha mãe, deixo a Isabella dormindo como um anjinho (por um segundo desejo voltar a ter 10 meses para ter aquele sono tranquilo e despreocupado), vou correndo pegar o fretado - sempre me atraso porque fico um tempão me despedindo da Isabella, conversando com ela... detalhe: ela está dormindo! Chego correndo no trabalho, onde quase sempre estou sem disposição para fazer tudo correndo e acabo me sentindo uma lesma. Tomo uma overdose de café para aguentar o tranco de acordar às 4:30 e dormir 00:30 e trabalhar num ritmo decente.
Às 16:40, vou correndo pegar o fretado, na ânsia de chegar logo em casa e tomar a Isabella em meus braços. Vou sonhando com aquelas bochechinhas, aquelas coxinhas... vou rindo sozinha, lembrando da última novidade dela (a de ontem foi ela aprender a soltar beijo). Desço do fretado correndo, vejo a Isabella e o cansaço some. Sempre achei um exagero fora de propósito quando as pessoas diziam "Chego do trabalho cansado, estressado, mas quando vejo o sorriso da minha filha, tudo passa". Desde quando um simples sorriso faz passar o stress de um dia daqueles!?
Pois bem, mais uma vez queimei a língua e a maternidade me provou mais uma máxima das mamães corujas. Sim, vejo a Isabella, aquele sorriso maravilhoso, e toda a canseira dessa correria maluca passa. Depois janto correndo pra pegar ela no colo, depois arrumo as coisas dela correndo pra levar pra casa, depois o pai dela chega do trabalho (correndo) e me chama pra ir embora correndo pra casa que ele quer descansar - descansar... deve ser bom fazer isso... como é bom e prático ser homem. Pois bem, chego correndo, às vezes faço uma comida correndo (porque a Isabella está chorando), lavo uma roupa, uma louça, dou uma ajeitada na casa conforme o meu tempo me permite, e vou correndo ficar com a minha filha, que não quer nada além de brincar de "cadê o nenê? ACHOOOOOOOOU".
Embalo a Isabella nos meus braços, cantando um música de ninar qualquer (na maioria das vezes eu invento), e quando ela dorme me sinto com o dever cumprido por aquele dia, UFA! Minha vida é correr... mamães modernas sofrem e aprendem no dia a dia as dificuldades de querer ser a mulher maravilha e se desdobrar em 2, 3, 4... A maternidade nos prova que é na prática que a gente aprende, que muitas coisas na vida, a gente só aprende quando passa por elas.

Padecendo no paraíso.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Antes de ser mãe, eu não me preocupava com a morte e tão pouco com a quantidade de anos que eu gostaria de viver, também não me preocupava tanto com a violência infantil, nem com a vasta quantidade de vacinas e seus preços absurdos.
A maternidade me transportou para um mundo onde preocupações que antes não faziam parte da minha vida, agora rondam meus pensamentos. Antes de mais nada, é bom ressaltar que tenho um pensamento um tanto quanto paranóico, trágico e caótico. Durante boa parte do dia, dedico meus pensamentos às variadas formas trágicas de morrer, sofrer acidentes e perder pessoas queridas. Se eu morrer, como minha filha vai ficar? Quem vai transmitir os mesmos valores e cuidar dela do mesmo jeito que eu? Mãe é insubstituível!
Sim, eu sofro um tanto com isso, vivo numa perturbação constante, mas nada demais. Esse é o preço que se paga por vivenciar o milagre da vida e dar à luz a um ser que te mostra que você nunca soube o que é amor de verdade na vida antes dele nascer. Depois que se é mãe, você se torna uma pessoa sedenta por informações que antes lhe eram inúteis, como: preço de vacinas, para quais doenças elas existem, violência infantil, pedofilia, doenças, distúrbios comportamentais, etc etc etc
Ufa, me cansa ser assim! Além do cansaço físico de me dividir em mãe, profissional, esposa e dona de casa, o cansaço mental é de matar! Se a Isabella espirra, já a imagino com uma pneumunia daquelas e corro pro consultório da pediatra, que como sempre, me diz que isso é coisa corriqueira, que toda criança passa, com aquele ar de "você não sabe de nada mesmo, sua neurótica".
Agora entendo aquela frase "ser màe é padecer no paraíso" no seu sentido mais pleno, porque a Isabella ainda nem fala, nem anda, e eu já morro de preocupação. E quando paro pra pensar nas noites que vou passar em claro quando ela for pra balada? Deus do céu, só de pensar eu passo mal! Só quando nos tornamos mães, que entendemos as nossas mães. Antes achava um exagero ela não dormir quando saía a noite, quando insistia pra eu comer mais, quando mandava eu levar um casaco quando ia sair... Minha filha tem 9 meses, e eu já insisti pra ela comer, já coloquei 4 casacos e me senti culpada por ela estar passando frio... Mãe é mãe, e mãe é tudo igual, só muda o endereço mesmo... sempre relutei em acreditar nessas frases clichê, mas dei o braço a torcer... é verdade!

Nossa língua portuguesa...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007


Cartaz em uma farmácia de Portugal... sem mais comentários! rs

A volta ao trabalho...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Foto tirada da Isabella, momentos depois de eu acordar, no dia que voltei ao trabalho.


Volta e meia eu me pego nostálgica ao lembrar da minha licença maternidade, foram quase 5 meses cuidando em tempo integral da minha florzinha, dedicava cada segundo do meu dia à ela, até quando ela dormia, sentia uma necessidade quase que vital de estar por perto, era o cordão umbilical que jamais seria cortado, aquele que vem do coração. Meu passatempo preferido era arrumar as coisinhas dela, dobrar as roupinhas, fazer anotações no albinho do bebê, lavar aquelas roupinhas minúsculas, acompanhar a respiração dela durante o soninho... Meu mundo girava em torno dela, já nem lembrava que eu tinha vida, que tinha meu trabalho me esperando, que tinha um mundo lá fora e este não girava em torno da Isabella.
Ah, se eu soubesse o quão preciosa é essa fase, teria aproveitado mais ainda cada segundo, teria me deliciado com meu cansaço e dormido menos do que eu dormia, só pra contemplar a existência da minha filha. Estar com ela 24 horas por dia era uma necessidade vital, me recusava a sequer imaginar que o mundo lá fora me esperava, minha antiga rotina ia voltar à ativa e aquele grude ia acabar. Doía só de pensar, eu me recusava, mas eu mesmo tempo, tinha que me preparar. Passar algumas horas do dia longe dela, fazer outra coisa que não fosse cuidar ela, me era totalmente estranho e uma idéia inconcebível. Me animava em pensar que voltaria a me sentir útil, que voltaria a usar minha antigas roupas e que minha silhueta redonda estava retomando forma humana. Mas quando chegava a hora de pensar que retomar a antiga rotina significava estar longe da pessoa que eu mais amava na vida, que amava do fundo do coração, que amava até do fundo do útero, doía por demais.
Me indigniva e ficava a pensar com meus botões, que depois da maternidade, toda mulher deveria ser bem remunerada para ficar 24 horas por dia se dedicando integralmente à sua cria. Oh mundo cruel... o dia do retorno ao trabalho ia se aproximando, eu ia ficando cada dia mais deprimida, era como se uma onda estivesse vindo pra derrubar meu castelinho de areia, como um lindo sonho acabando para você ser despertada para a realidade. Uns três dias antes de voltar a trabalhar, sentia o monstro da angústia apertar meu peito bem forte, parecia que ia me matar, a idéia de me separar dela durante longas horas doía no coração, eu olhava pra ela e chorava, chorava, chorava... era tão injusto me separar de parte de mim, tão dolorido...
Quanto mais aquele primeiro dia de Março de 2007 se aproximava, mais doía, eu me questionava se iria aguentar a distância. Então chegou o dia, o relógio despertou, 5:20AM, olhei para o berço e vi aquela coisinha linda que mais parecia uma bonequinha de porcelana, e meu coração já se partiu em mil. Respirei fundo, contei até 10, tomei café, me arrumei... e chegou a hora de ir... tinha acabado de amamentar ela e entreguei à minha mãe, nunca imaginei que fosse tão duro fechar a porta de casa e partir, olhava para ela, olhava para aqueles olhinhos inocentes que sequer tinham idéia do que estava acontecendo, e me punha a chorar, chorava sem parar, era um sentimento de culpa, como se eu estivesse abandonando minha filha. Chorei muito, foi duro, mas fechei a porta, e segui em frente, minha vida tinha que continuar! A cada passo que eu dava rumo à minha vida normal, minha tristeza ia dando espaço ao entusiasmo de saber que quase 6 meses depois, eu ia voltar a ter vida útil, ia rever minhas amigas do trabalho...
Cheguei no trabalho e parecia que eu nunca tinha saído dalí, fui recepcionada com bexigas de festa e abraços, e enfim, a tristeza passou (óbvio que eu ligava pra casa de 5 em 5 minutos). Minha vida tinha voltado ao que era, foi uma sensação estranha... na hora do almoço voltei ao mesmo restaurante em que havia almoçado no dia que descobri que estava grávida, no mesmo lugar onde aquela menina quase chorava de tanto medo e angústia. E naquele dia eu já era uma mulher, uma mãe, olhando para aquele lugar um filme passava pela cabeça e eu me admirava com o quanto minha vida havia mudado e, ao mesmo tempo, tinha voltado a ser a mesma coisa.