A maternidade e ele

segunda-feira, 23 de julho de 2007


O tempo vai passando e você percebe que o "ser mãe" já está embutido dentro de toda mulher. Às vezes é difícil ser mãe e mais alguma outra coisa ao mesmo tempo, quer um exemplo? Ser mãe e mulher(ou namorada) ao mesmo tempo é uma tarefa desafiadora. Sim, antes do pimpolho nascer, vocês eram só vocês, os dois, e dedicavam cada segundo um ao outro, entre sessões de cinema e declarações de amor, cada um era exclusivo do outro. No meu caso, meu namorado estava alí, nos víamos quando dava vontade, quando batia aquela saudade, aquela ansia de estar junto... era uma delícia aquela imprevisibilidade, aquela falta de cobrança, aquele compromisso descompromissado.
A partir do momento em que se lê POSITIVO no Beta HCG, você vira outra, muda instantâneamente de personalidade e deixa aflorar aquela mãe que existia adormecida dentro de você. Durante a gravidez, a relação já muda: não podem mais sair pra tomar uma cervejinha, você não se sente mais à vontade pra encarar uma balada(afinal de contas, agora você é mãe), as conversas já giram em torno do bebê e as cobranças começam a surgir. Você se sente gorda e nada atraente, fica insegura e sensível. Sim, é uma barra para os dois lados! Depois que o bebê nasce, você vira mãezona de vez, esquece do mundo em sua volta e volta toda sua atenção para sua cria. Depois tem a quarentena, as noites sem dormir, a recuperação do parto, as preocupações... e no meio disso tudo, tem espaço para romantismo? A resposta é NÃO. Claro que estou expondo meu ponto de vista, relatando o meu caso, e cada caso é um caso. Todo o tempo que vocês tinham um para o outro, inexiste. As reservas emocionais vão todas para o "cuidar do bebê".
São milhares de coisas a serem pensadas e pontos a serem discutidos, contas a pagar, etc etc etc. Aquele encanto do namoro se torna uma rotina chata e cansativa, onde não há mais espaço para serem namoradinhos. Porém, o tempo vai passando, sim, ainda bem que ele passa! Nesse caso, não queria que ele parasse! Não é fácil, mas é superável. Acredito que quando se planeja uma gravidez, planeja-se também o futuro da vida a dois. Mas quando se é pego de surpresa, é uma façanha manter o relacionamento. A falta de tempo aos poucos vai sendo aceitada e digerida e aquele clima de namoro(que nunca mais vai ser o mesmo) vai resurgindo de forma tímida e minimizada.
O tempo passa e o bebê e vocês dois passam a ser um só, a idéia de família se torna uma delícia! Fazer passeios a três começa a ser uma idéia bacana e uma tarefa divertida, e aos poucos vocês vão se adaptando à nova realidade.
É como se diz por aí... o tempo cura tudo!

Recomendação: Vejam os vídeos desse site, que vai desde a concepção até o parto, é LINDO e emocionante, altamente recomendável de se ver!!!!
>>> http://www.federacao-vida.com.pt/gravidez/vidautero/index.htm

E tudo muda, adeus velho mundo...

terça-feira, 10 de julho de 2007


"E tudo muda, adeus velho mundo..."
É, bem como disse o Herbert, adeus velho mundo MESMO! Engraçado que sempre gostei muito dessa música, em especial dessa frase, e nunca pensei que ela fosse se encaixar tão perfeitamente na minha vida!
Os dias na maternidade são envolvidos por uma atmosfera de encanto e magia... você não precisa fazer nada, tem uma equipe de enfermeiras até para colocar remédios na sua boca e te poupar de todo e qualquer esforço, são tantas visitas, presentes, congratulações e... quando você chega em casa, a ficha cai de vez! Ainda mais para mim, que não tinha planejado ter filhos pelos próximos 50 anos. Em casa não tem enfermeira pra te ajudar a tomar banho, pra lembrar os horarios dos remédios, pra te ajudar em qualquer perrengue, pra dar banho no bebê, para socorrer o bebê quando ele estiver se esguelando e, você alí, estática, tentando decrifar o motivo daquele choro estridente. Tudo é novidade, ser mãe é uma missão desbravadora, pela primeira vez na vida você se vê obrigada a adivinhar. Sim, o choro do bebê pode ter ene motivos, e você tem que acertar na mosca! Já tinha ouvido falar que para cada motivo, o choro tem uma entonação diferente, mas para mim, mãe de primeira viagem e pessoa totalmente alheia ao universo infantil, era tudo igual! Aí a Isabella chora, eu paro, escuto com atenção, analiso, pondero e... vamos por tentativa e erro! Será fome? Não! Xixi? Não! Cocô? Não. Ah... não sei!
Nessas horas nossa mãe vira um verdadeiro oráculo, ela diz o motivo e é tiro e queda! O primeiro mês não é nada fácil, além da recuperação dolorida da cesárea, continuava tão chorona - se não mais - quanto na gravidez, a auto-estima despenca, você nunca esteve tão baranga! Nenhuma roupa serve(a não ser aquelas camisolas de vovó), você está inchada e sente vontade de se enfiar inteira num buraco toda vez que chega uma visita - sim, quem tem o mínimo de vaidade jamais vai querer se deixar ser vista em um estado tão deplorável! Além de tudo, você passa noites e mais noites sem dormir e se sente a própria Mimosa, com tanto leite que até vaza! Quem é essa? Essa pergunta ecoava na minha cabeça, eu já não me reconhecia mais e, definitivamente, tinha entendido o que toda mãe diz: "Um filho muda tudo na vida, você só vai saber quando for mãe".
De repente, você muda de valores, muda de conceitos, muda as convicções, muda de aparência, muda de prioridades, muda de personalidade.... Ser mãe é um divisor de águas, em todos os campos da sua vida, até mesmo profissionalmente, você muda e é capaz de qualquer esforço para dar o melhor de si se isso trouxer algum benefício para a sua cria. Você agora tem uma responsabilidade enorme nas costas, para todo o sempre, isso é assustador, e também maravilhoso. Quando se é mãe perde-se muita coisa, mas ganha-se muito mais... quando, antes de ser mãe, você teve um bebê lindo pra morder, você embarcou no mundo do faz de conta sem a mínima vergonha, você se sentiu completamente compensada com um simples e banguelo sorriso? Esse meu novo mundo, me faz perceber que no velho mundo, nada realmente me completava de verdade, como se viver fosse uma caminhada para atingir um objetivo e, este, é ser mãe! Me fez me questionar, como eu tinha conseguido chegar até aqui sem ter provado a delícia de ser mãe, como eu tinha vivido 22 anos sem a Isabella... você sente o seu mundo convergindo para um ponto central, que pode se chamar João, Mariana, Isabella, Pedro, Henrique, Clara, Julia...
A rotina massante de cuidar de um bebê, não dormir e se recuperar de uma cirurgia abdominal, se torna um fardo doce e leve quando se olha para aquele bebê tão lindo e perfeito. Esse meu novo mundo é surpreendente, me mostrou um lado meu que eu jamais pensei que existisse, revelou uma pessoa totalmente nova, que já não era mais capaz de pensar em si própria em primeiro lugar, que seria capaz de matar e morrer pela cria, que conhece o amor incondicional, no sentido pleno.
Ser mãe é altamente recomendável!
PS.: Na foto, eu gorda, inchada, descabelada, com olheiras e a bebê mais linda desse mundo (ainda não tinha nem 1 mês), final de Outubro/2006.